Cage The Elephant
Com dois discos lançados, sendo que o segundo,
“Thank You Happy Birthday” os trouxe ao mundo dos hypes, o Cage The Elephant se
apresentou no primeiro dia do Lollapalooza Brasil, em São Paulo. Pontualmente (como
os demais shows do primeiro dia) às 15h, a banda mostrou no palco Butantã sua
sonoridade profundamente influenciada por Pixies. A banda deve mais a Frank
Black do que o McLusky, para citar um exemplo (alguém lembra deles?).
O show começou com “In One Ear”, do
primeiro disco. Logo no início já veio a certeza de que a marca do show seria a
insanidade do vocalista, Matt Schultz, que, carismático, pulava e se contorcia
a todo momento. Por vezes passava da conta. Pulava tanto que, em alguns
momentos, se esquecia de cantar no microfone.
Com 12 músicas (5 do primeiro disco e 7
do segundo), o Cage The Elephant mostrou que tem um ótimo frontman e um público
entusiasmado que cantou tudo. No final só ficou uma dúvida, o som baixo dos PAs
prejudicou a apresentação ou falta corpo para as músicas ao vivo?
Band Of Horses
O Band Of Horses era uma das minhas grandes
esperanças de bom show no Lolla. E não me decepcionou, pelo contrário,
superarou as expectativas. Óbvio que o esquema deles não era aquilo ali, a
riqueza de detalhes e as belas melodias da banda deveriam ser apreciadas em um
lugar menor, fechado e com um público só deles. Mas ainda assim foi um
belíssimo show.
As canções mais intensas ficaram ainda mais
fortes ao vivo. Depois da delicada “For Annabelle”, que abriu o show, “NW. Apt” e “The First Song” prepararam o terreno para belíssimas versões de “The
Great Salt Lake”, “Is There A Ghost” e “Cigarettes, Wedding Bands”.
A apresentação seguiu nessa linha. Ben Bridwell
cantando muito suas belas melodias emolduradas por uma banda esperta, pesando
quando era preciso e caprichando nos detalhes nos momentos mais intimistas. “The
Funeral”, fechando o show com o sol quase se pondo foi um dos grandes momentos
do dia.
Foo Fighters
O Foo Fighters é hoje uma das maiores bandas
de rock do mundo. O “melhor” aqui envolve momento, óbvio. Headliner de grandes
festivais, último disco elogiadíssimo e fama de shows incríveis. Você pode não
gostar da banda, mas não há como negar o “tamanho” dos caras atualmente.
Muitos shows provocam nos fãs aquele drama de
não ouvir o lado-b ou a música obscura que tanto gostam. No caso do Foo
Fighters essa lógica é subvertida, é claro que há uma aqui ou outra ali que
pode ter a ausência lamentada, mas em geral o que mais importa na banda de Dave
Grohl são os hits. E são muitos. TODOS foram tocados.
O Lollapalooza Brasil teve o privilégio de
contar com o melhor setlist da turnê sul-americana da banda. Além dos hits,
teve “Hey, Johnny Park”, “Enough Space”, “For All The Cows” e, pela primeira
vez, “I Love Rock’n Roll” com a Joan Jett (além de “Bad Reputation”, que já
vinha sendo tocada nos últimos shows).
Dave Grohl gritou. Gritou muito. Possivelmente
com a intenção de provar que o cisto que tem na garganta não é motivo para
preocupação, mas na verdade é. Tudo ia bem, até que na parte mais gritada de “Monkey
Wrench”, ele berrou tudo que podia, sem acompanhamento. A partir daí sua voz
mostrou-se desgastada. Tudo bem, depois disso ele gritou sem maiores problemas
em “Best Of You”, “Enough Space” e outras, mas quando cantava normalmente era
muito fácil perceber como a voz soava “arranhada”.
A enrolação irritou um pouco. Petardos que
por si só já seriam o suficiente para encantar ganhavam a todo momento jams,
solos e momentos de interação com o público. É importante que um show de rock
tenha isso, mas todo exagero complica. No Rock In Rio já havia sido assim, mas
a banda cresceu e a enrolação, infelizmente, também. Com o arsenal de boas
músicas que têm, eles não precisavam disso.
O exagero de Dave Grohl incomodou, mas um
show que consegue enfileirar logo de cara pérolas como “All My Life”, “Times
Like These”, “Rope”, “The Pretender”, “My Hero” e “Learn To Fly” não tem como
ser ruim. A sucessão de hits não deixa tempo para respirar.
O desespero cantado em “Best Of You” ganhou
contornos reais com Grohl lutando contra a própria voz, o que no final das
contas foi emocionante, daqueles clichês que volta e meia aparecem e você finge
que não se importa. “Hey, Johnny Park”, talvez o melhor “não hit” do Foo
Fighters foi bem encaixada entre “Monkey Wrench” e “This Is a Call”. No final, “Everlong”,
para muitos a melhor música da banda, fechou o show.
O Foo Fighters faz show para fãs, aqueles que
estão ali prontos para o que vier e não vão criticar em hipótese alguma, o que tenta
justificar, de alguma forma, a enrolação. Mas ainda assim é um grande show de
rock. Dave Grohl acredita em toda aquela onda de “rock celebração” e passa isso
nos discos e principalmente no show. Talvez por isso seja, como já dito, uma
das maiores bandas de rock da atualidade.
Sobre o Lollapalooza Brasil
Como todo festival, o Lollapalooza Brasil
teve erros e acertos. Entre os acertos é bom destacar a pontualidade rigorosa
(o único atraso registrado foi o do Racionais no segundo dia) e a facilidade do
acesso ao Jockey. Os problemas, em grande parte poderiam ser resolvidos se
tivessem sido colocados menos ingressos a venda no dia do Foo Fighters (o único
em que fui, bom lembrar). Segundo relatos, o segundo dia, com 15 mil pessoas a
menos, foi bem mais agradável em relação a filas em geral, espaço e locomoção.
Aguardamos uma próxima edição, com as arestas devidamente aparadas e bons
shows.
As fotos foram retiradas do site oficial do Lollapalooza Brasil.
O ótimo La Cumbuca postou todos esses show inteiros, vai lá ver.
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