sábado, 26 de julho de 2008

Agora vai?

Mais uma vez circulam boatos sobre a vinda do Radiohead ao Brasil. E mais uma vez deu no blog do Lúcio Ribeiro:

"Os shows da América do Sul foram confirmados sexta-feira em Buenos Aires pelo dono dos shows da América Latina, o empresário Daniel Grinbank, da DG Médios Argentina"

"As palavras exatas de Grinbank, o homem que já trouxe Stones, U2, Madonna e Paul McCartney, foram: 'Definitivamente, y esto está absolutamente confirmado salvo que pase algo, Radiohead va a estar en Sudamérica entre fines de marzo y principios de abril el año que viene'".
Veremos...

Coincidente, nessa semana estive fuçando nas minha revistas e encontrei uma SHOWBIZZ de 1998, na época que o Pedro Só era o editor-chefe. A matéria de capa era sobre a vinda de Rolling Stones, Bob Dylan e Oasis ao Brasil. No final da reportagem tinha algo semelhante a famosa tabelinha do Lúcio de bandas com possibilidade de vir ao país. Para meu espanto, entre muitas outras bandas e cantores, quem figurava a lista de "Quem nunca veio e gostaríamos que viesse"? Thom Yorke e sua trupe já estavam lá, 10 anos atrás. Segue abaixo a lista, uns vieram outros não, e alguns até já encerraram atividades.

P.S.: Na época eu tinha o estranho hábito de rabiscar revistas. Você pode notar na figura uns triângulos e traços, hoje não faço a menor idéia do que significam. Felizmente fui curado dessa mania.







Mais detalhes interessantes da revista:


Matéria sobre possível novo vocalista do Sepultura, na época ainda sem nome revelado.


Especulações sobre o próximo álbum do Guns N' Roses (Sim, é o que você está pensando)


Sessão chamada "Rock Food". Uma lista de junk food como donuts e chili dog (!!!)


Nota sobre uma banda nova chamada Los Hermanos, conhece?

sábado, 5 de julho de 2008

Revirando o Baú

Esse texto foi escrito em 21/10/2006 e publicado no meu antigo blog. Estava ouvindo essa semana o álbum solo do Roddy Woomble, vocalista do Idlewild, e me deu vontade de publicar novamente o texto, aí está.



Será que é preciso inovar?



Frequentemente vemos o surgimento de bandas tidas como promessa, é quando escutamos aos montes classificações como “A Salvação do Rock” ou “O Novo Nirvana”. É inegável que muitos desses grupos são realmente muito bons, e boa parte deles consegue visibilidade devido a algum diferencial em seu som, mesmo que esse diferencial seja ser retrô. Mas às vezes nos esquecemos que além de todo esse fenômeno “Hype”, existem bandas que, se não trazem nenhuma inovação, fazem um rock sincero e competente.

Um desses grupos que cativam pela falta de ambição é o Idlewild. A banda teve também sua fase de “Next Big Thing”, mas alguns anos atrás essa característica não tinha a mesma efervescência que tem hoje, talvez por isso eles estejam um pouco esquecidos atualmente, principalmente no Brasil.

Surgido no ano de 1995 em Edimburgo, Escócia, o grupo teve em sua primeira formação Roddy Woomble: Vocal, Rod Jones: Guitarra, Bob Fairfoull: Baixo, e Colin Newton: Bateria. Em 2002 Fairfoull foi substituído por Gavin Fox, e ainda Allan Stewart foi adicionado nas guitarras. Em 1998 é lançado o EP Captain contendo seis músicas, entre elas as furiosas “Captain” e Self Healer”, com uma voracidade quase punk, além da dissonante “You Just Have To Be Who You Are”. E nessa mesma linha é lançado ainda em 1998 o primeiro álbum, Hope is Important.

A sonoridade se aproxima em alguns momentos até do hardcore, mas sem abrir mão dos ecos pop, daqueles que parecem nos dizer que muita coisa boa vem por aí. É interessante notar a diversidade (sem perder a identidade) que se vê no álbum colocando lado a lado pérolas pop como “Whem I Argue I See Shapes” e canções tensas como “Low Light”, em que a frase “Turn the lights down when you cry” é repetida por quase toda a música (sem parecer emo, é bom lembrar).

Em 2000 é lançado o álbum 100 Broken Windows. Considerado por boa parte da crítica o melhor trabalho da banda. As influências do punk rock são trocadas por altas doses de R.E.M., mas ainda assim mesclando com maestria distorção e boas melodias. Seja na beleza de “These Wooden Ideas” ou no peso de “Idea Track” se destaca no disco a poesia das letras de Roddy Woomble. Nessa época os escoceses excursionaram com Placebo e Manic Street Preachers.

O álbum seguinte seria a prova definitiva para a banda firmar seu nome no mercado e na crítica. The Remote Part de 2002, entretanto, dividiu opiniões, muitos disseram ser o reflexo do amadurecimento do grupo, outros acusaram o caráter mais “suave” das músicas de ser uma estratégia para melhores vendagens, e ainda alguns definiram o álbum como “Emocore para as massas” (!!).

No disco, podemos ver realmente canções mais brandas, mas também petardos como “The Modern Way of Letting Go” e “Out of Routine”. O amadurecimento é nítido em canções como “You Held The World in Your Arms” que equilibra peso, melodia, violinos e uma das melhores letras de Woomble: “When you're secure do you feel much safer? When days never change and it's three years later, It's like your life, hasn't changed and it's three years late, How does it feel to be three years late and watching your youth drift away?”. Ou ainda na música “American English”, considerada por muitos uma das melhores canções do ano. Comercialmente também foi o melhor momento dos escoceses.

Outra composição que merece ser destacada é a faixa que fecha o álbum, “In Remote Part/Scottish Fiction”. Canção suave com uma bela melodia, quando parece que vai chegar ao final é cortada por uma rajada de guitarras, formando o pano de fundo para o poeta escocês de 82 anos, Edwin Morgan, recitar seu poema “Scottish Fiction”, arrepiante.

Em 2005 é lançado Warnings/Promisses. Foi considerado por muitos uma decepção na carreira do Idlewild. O álbum apresenta boas canções como “Love Steals Us From Loneliness” e “El Captain”, mas mantem a mesma linha do trabalho anterior, talvez essa fosse a hora da banda arriscar um diferencial (aquele citado no início do texto) para seu som.

Paralelo a carreira do grupo, Roddy Woomble lança em 2006 seu primeiro trabalho solo, “My Secret is my Silence”. Woomble surpreende com um álbum de uma delicadeza incrível, se aproxima do folk e de músicas escocesas, nos presenteando com belas canções e novamente ótimas letras, que são ainda mais valorizadas nos duetos de Roddy com as cantoras folk Kate Rusby e Karine Polwart.

Mantendo a periodicidade de álbuns a cada dois anos, em 2007 será lançado Make Another World, marcando a volta do produtor Dave Eringa, que havia trabalhado com o grupo em 100 Broken Windows e Remote Part. Vamos esperar então que em meio a tantas “incríveis descobertas”, o Idlewild volte dando continuidade (com ou sem diferencial) a sua trajetória marcada pela simplicidade que nos leva ao questionamento do porque essas músicas nos cativam tanto.