segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Acertando as contas com Herbert Vianna



Lembro que tinha uns 11 anos e estava em uma festa de casamento ou algo do tipo em Auriflama, cidade onde cresci. Meu tio me chamou para ir a Araçatuba ver o show dos Paralamas Do Sucesso, ele ia levar meus primos e me convidou. Provavelmente era 1996. Só me recordo vagamente da data por lembrar que a turnê era do disco Nove Luas, lançado neste mesmo ano. Por mais que me esforce não consigo lembrar por qual motivo acabei recusando o convite, fiquei lá na festa, fazendo sei lá o que. Por muitos anos ouvi elogios irritantes a respeito desse show que perdi, com direito a pessoas dizendo que se tornaram fãs da banda após essa apresentação.

Gostar de shows (que não sejam sertanejos) no interior é sempre uma luta, quando aparece alguma coisa bacana na região, a galera tenta se juntar e se organizar pra ver. Na adolescência íamos de van, ônibus, carona, o que desse... Nessas muitas aventuras consegui ver quase todas as bandas de rock nacional mais famosas na época (Titãs, Ira!, Ultraje, Engenheiros, Raimundos...), mas com os Paralamas eu tinha uma espécie de maldição, nunca dava pra ir, sempre aparecia algum problema de última hora.

Pelas minhas imprecisas contas, perdi a oportunidade de vê-los, ao menos umas 5 vezes. Pelos mais variados motivos: falta de grana, trabalho, não ter como ou com quem ir...


Até que, depois de 16 anos (de repente me sinto MUITO velho após calcular esse tempo), me deparo com o anúncio de um show dos Paralamas em Araçatuba, cidade em que hoje moro. Garanti meu ingresso assim que pude, iria não só pela vontade de ver a banda ao vivo, mas também para sanar essa minha “dívida” com a banda, deixar tudo acertado (se você pensou que tenho algum tipo de TOC, ok, não te julgo).

Se você, leitor desse blog, não passou os últimos anos em uma caverna ou em alguma galáxia distante nem preciso citar o grave acidente que deixou Herbert Vianna em uma cadeira de rodas e que, felizmente, não abreviou sua carreira.

Chegando a casa de shows, baseado no visual das pessoas, imaginei que por engano tivesse entrado em alguma balada comum da cidade ou algo do tipo, mas ok, ao menos meu conturbado encontro com a banda seria em ~grande estilo~.

A estrutura do salão, que ficou lotado minutos antes do show, contava com um (broxante) espaço reservado com cadeiras na frente do palco, pista comum (onde fiquei) e um camarote que na verdade era uma espécie de mezanino, onde muitas pessoas se amontoavam nas beiradas para ter uma visão melhor do palco. Aliás, algumas pessoas, porque muitas não estavam dando a mínima para o show, vi gente dando as costas para o palco, possivelmente mais preocupados com a bebida (o camarote era open bar) e com a ~azaração~.



A turnê atual é do disco ao vivo lançado pelo Multishow, mas o repertório do show não seguiu a risca esse roteiro. O início, com “Sem Mais Adeus” e “Dos Margaritas”, foi morno, mas bastou soarem os primeiros acordes de “Óculos” para a euforia tomar conta do salão, considerando o jeito blasé da ~galera da balada~, claro. E eu ali, enfim vendo aqueles caras no palco.

Daí em diante, muitos hits certeiros, “O Beco”, “Ela Disse Adeus”, “Uma Brasileira”, “Cuide Bem Do Seu Amor”, essa última acompanhada por um coro considerável do público, bonito! A cada música, se firmava ali a certeza da representatividade dos Paralamas para o rock nacional. Uma banda sempre coesa, corajosa em sua trajetória, relevante até hoje e, o mais importante, foi o grupo que passou pelos maiores percalços em sua história e continua firme.

Baixada um pouco a empolgação inicial comecei a pensar nesses últimos anos, em todas as mudanças que aconteceram. A banda que perdi a chance de ver tempos atrás para muitas pessoas é outra. Evidentemente a dinâmica de palco mudou depois do acidente de Herbert Vianna, mas a força das canções estava ali naquele palco, intacta. E quando consideramos todo o histórico de superação tudo fica ainda mais intenso, mas que fique claro, quando falo em superação e intensidade não me apoio nesse apelo sentimental provocado pela situação de Herbert para idolatrar tudo e qualquer coisa que ele faça, para comprovar basta saber que dois grandes momentos do show foram com canções pós-acidente, a já citada “Cuide Bem Do Seu Amor” e “O Calibre”.


Em “Tendo A Lua” a emoção se intensificou, ao menos considerando meu lado pessoal, que falou mais alto. Além de ser uma das minhas músicas favoritas da banda, veio forte a lembrança de um grande amigo e grande fã dos Paralamas que se foi. “Cartas e fotografias, gente que foi embora...”. As lágrimas teimosas pareciam contrastar com a visão de superação e alegria que o colorido palco nos mostrava.

No palco o trio conta, como de costume, com João Fera nos teclados, Monteiro Jr no sax e Bidu Cordeiro no trombone. Enfileirados na frente do palco ficam os três “Paralamas”: Bi Ribeiro, sempre com sua timidez e aquela cara que te dá vontade de chamá-lo pra tomar umas no boteco; João Barone, dando aula na bateria; e Herbert, com uma expressão juvenil de felicidade, aparentemente emocionado com cada vez que as pessoas cantavam mais alto que ele, tocando muito e cantando bem, nunca foi um grande cantor, mas sempre soube disso e entendeu perfeitamente suas limitações. 




Quase todas as músicas soavam mais encorpadas e com instrumental valorizado ao vivo, seja no peso ou na delicadeza de detalhes. Ironicamente a pior execução da noite foi no momento mais esperado, “Meu Erro”, a música que todos sabiam cantar a letra toda apareceu muito rápida, embolada, confusa e ainda com Herbert tendo dificuldade para chegar no tom.

O bis final foi encerrado com “Vital E Sua Moto”, do primeiro disco da carreira. Parecia um ciclo se fechando, obviamente foi mais (bom) um show entre muitos que a banda fez e continua fazendo, mas pra mim valeu o acerto de contas. Justo nesse momento em que estou ouvindo muito rock nacional anos 80 posso dizer, sim, enfim eu vi um show dos Paralamas Do Sucesso.



domingo, 12 de agosto de 2012

Dia dos pais!

No dia em que os pais são homenageados, duas (boas) músicas que invertem essa lógica. Pais escrevendo para os filhos e ressaltando a alegria da paternidade.

Fábio Góes - E O Amor Que Não Cabe Mais




Eu e a mãe dele 
Somos um sítio à beira mar 
Que eu gosto de chamar 
De minha casa 

Ele e a vida dele 
Eu quero caprichar 
Nas luzes 
No jeito de passar 

Por esse ou aquele bar (olhar) 
Mais encrencado
Aquele susto que vai virar 
Piada um dia 
Eu não sabia 
Que ser pai 
Era sonhar acordado 

Novo amor 
Tanto amor 
E o amor que não cabe mais 

Meu filho 
De cabelo penteado 
Meu filho 
E o amor que não cabe mais



Siba - Bravura E Brilho



O dia acaba de amanhecer
O meu herói vem me despertar
Já preparado pra combater
Os inimigos que vão chegar
Naves de raios destruidores
Dragões gigantes devoradores
Lobos de sopros arrasadores
Ciclopes de olhos assustadores

As naves são banidas dos céus
Cabeças de dragão vão rolar
Os lobos vem lamber os seus pés
Ciclopes já não podem enxergar

Deu pra saber:
Que o meu herói tem poder
De ser veloz e voar
De usar espada e vencer
O meu herói tem bravura e brilho

Mas dá pra ver:
Que quando o sono bater
Ele vai se aproximar
Pedir meu colo e dizer
Que vai parar de lutar
E aí pode até ser
Que o tempo deixe eu contar
Antes dele adormecer
Lendas de heróis pra embalar
Meu filho