terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Bom Rock’N’Roll Não Tem Idade


"Mas rock não é com guitarra?"

Magro, com ralos cabelos brancos e um eterno semblante de tristeza. Você apostaria que esse senhor, de 68 anos completos, lançaria em 2009 um álbum intitulado “Rock’N’Roll”?. Improvável, mas o tremendão Erasmo Carlos não se intimidou com o tempo e colocou suas armas para o combate em seu mais recente trabalho.

Rock’N’Roll é um álbum que faz jus ao título, obviamente no estilo Erasmo de fazer rock. Escoltado por parcerias com Nelson Motta, Chico Amaral (compositor de diversos hits do Skank) e Nando Reis, Erasmo desfila 12 faixas, produzidas por Liminha, cheias de referências à ídolos, ao estilo que dá nome ao álbum, e especialmente à si mesmo.

Na primeira música de trabalho, “Cover”, o tremendão brinca com o fato de nunca ter visto um cover de seu trabalho, com isso se proclama cover de si mesmo: "Sou um cover que imito até o meu autógrafo/ Diferente de tantos de norte a sul/ Covers de Roberto ou de Elvis/ Michael Jackson, Beatles e Raul". Nas letras do álbum, em geral, tudo é dito com nítida singeleza e honestidade, mas com uma fina ironia, ecos da ingenuidade da jovem guarda com respingos do cinismo do mundo moderno.

Músicas chamadas “A Guitarra É Uma Mulher” e “Um Beijo É Um Tiro” poderiam fatalmente ser taxadas de cafonas, até patéticas. Ouvindo de Erasmo, entretanto, tudo parece fazer sentido, tornando-se tocante inclusive. Assim como na canção-homenagem às mulheres: “Olhos De Mangá”, em que são enumeradas beldades, de Gisele Bündchen à Marge Simpson (!!) seria Erasmo Carlos um visionário, já que recentemente foi anunciado que a mamãe Simpson será capa da revista Playboy americana de novembro?

Enquanto Roberto Carlos faz o mesmo show para o mesmo público nos finais de ano na Rede Globo, o eterno “número dois” da Jovem Guarda se cerca de jovens. A banda de apoio conta com membros da banda independente carioca Filhos da Judith, sem contar que a apresentação do Pout-Pourri de “Cover” com sucessos da Jovem Guarda no VMB (Vídeo Music Brasil) da MTV foi o melhor show da noite.

Sereno como um ancião, mas com o vigor musical de um garoto, Erasmo Carlos não lançou um trabalho que vai abalar as estruturas da música brasileira, mas provou, com um registro de músicas honesto e competente, que sua vitalidade está intacta, e que existe vida no tão estagnado hall dos medalhões da música brasileira.



Texto publicado dia 25 de outubro de 2009 no jornal Folha da Região, de Araçatuba/SP

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Por que eu gosto dessa porra?

Pois é, sabe aquelas músicas que você ouve e fica se perguntando: por que diabos eu gosto dessa coisa cafona, vazia e fora de contexto?

Enquanto o novo do Strokes não dá sinal de vida Julian Casablancas nos dá um exemplar daquilo que citei acima. "11th Dimension", divirta-se, ou não.