segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Raça Negra here, there and everywhere




Você já sabe de todo aquele papo sobre a relação da geração atual com as músicas do Raça Negra, já cansou de ouvir que o som deles "faz parte da memória afetiva e tocava nos churrascos de domingo da familia". De toda forma é inevitável notar que nos últimos meses o nome do grupo tem sido alardeado com mais força pela internet (ao menos no meu círculo de contatos), o que mostrou pra muita gente que a qualidade das canções vai muito além da nostalgia familiar noventista.

Em meio a tudo isso, dois fatos colocaram o Raça Negra de forma mais efetiva no meu caminho novamente depois do sucesso que fizeram nos anos 90. O primeiro motivo: o camarada Jorge Wagner, depois de muito planejar, colocou em prática, junto com o site Fita Bruta, o projeto Jeito Felindie. Que é, como o nome sugere, um tributo de bandas indie ao Raça Negra. Lançado oficialmente sexta passada (12/10) para audição e download, o trabalho conta com doze versões feitas por bandas dos mais variados perfis.


O outro acontecimento que me trouxe o grupo de Luís Carlos (sim, o da língua prefffa) a tona, foi o show deles na minha cidade, Araçatuba. Preço honesto, data propícia, namorada interessada e ao menos um amigo disposto a encarar junto comigo. Não dava pra perder. Combinei, comprei os ingressos e fui.

A primeira música da apresentação foi a simbólica “Cheia de Manias” (ou “a do dididididiê”). Daí em diante você já pode imaginar a avalanche de hits... mas sobre o show em geral, algumas coisas devem ser destacadas: Luiz Carlos já está com a voz bastante desgastada e durante a execução do repertório se apoiou no coro ou “na galera” em vários momentos; o filho dele subir no palco e cantar umas SETE músicas foi extremamente desnecessário; no meio de tantos sucessos, tocar covers de músicas famosas, incluindo “Não Quero Dinheiro” DUAS vezes, também foi pra lá de dispensável. Mas parece que ninguém se importou com isso.

A quantidade de hits e a forma como eles são cantados e celebrados falava por si só. Poucas vezes vi tanta devoção a um artista no palco. Logo na minha frente estavam dois rapazes, irmãos gêmeos, um deles com a namorada e ainda uma terceira irmã com o namorado. A emoção dos dois irmãos era uma coisa tão contagiante que não tinha como não acompanhar todos os movimentos. A cada música que começava eles pulavam, se abraçavam, acenavam para o alto e cantavam... muito, cada palavra de cada letra de cada música. De vez em quando viravam para as outras pessoas que estavam com eles e diziam coisas como “essa música é do disco tal, tocava em tal lugar, lembra?”. A irmã e a namorada estavam seriamente preocupadas, temendo que eles pudessem passar mal de tanta emoção.

Eles não eram os únicos, todas as músicas ganharam um coro potente e emocionado ao vivo. É difícil destacar um momento específico de destaque na apresentação, mas “Jeito Felino” e “Poderosa” foram bastante celebradas e encerraram um show longo e intenso.

"ffe não tiver voffe, o meu coraffão chora"

É possível que os gêmeos emocionados nunca tenham ouvido falar de Giancarlo Rufatto, ou que poderiam não curtir a melodia desconstruída na versão folk de “Maravilha”. Talvez pudessem achar que o Nevilton tocando “Vida Cigana” tenha ficado muito pauleira, ou que “Jeito Felino” e “É Tarde Demais” teriam ficado esquisitas por demais nas versões de Letuce e Harmada. Por outro lado, poderiam se encantar com a voz doce da Vivian Benford em “Cheia de Manias”, ou aprovar o acento pop que “Quando Te Encontrei” ganhou na versão do Amplexos. Quem sabe...

No final das contas tudo isso é muito relativo, o que sobra é que tanto eu quanto você, o Jorge Wagner, o pessoal do Fita Bruta, os gêmeos, os indies e os pagodeiros gostamos de boas músicas, e todos podemos concordar que o Raça Negra já fez muitas e elas estão aí, de várias formas, na turnê revival que passou por Araçatuba e no Jeito Felindie, na dúvida não escolha, viva com todas. 


Indididididiê

sábado, 22 de setembro de 2012

As 20 melhores músicas do R.E.M.


Ontem fez exatamente um ano que o R.E.M anunciou o fim da banda. Na época, escrevi por aqui sobre isso. E para marcar essa data e homenagear esse grande grupo, o chapa Bruno Capelas montou um especial no Pergunte ao Pop: As 20 melhores músicas do R.E.M.

21 votantes participaram, jornalistas e críticos de música. Muita gente boa. (eu to no meio, mas aí o "gente boa" fica a seu critério, caro leitor). Veja como ficou a lista.

01 - It's The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)
02 - Losing My Religion
03 - Man On The Moon
04 - At My Most Beautiful
05 - Shiny Happy People
06 - Everybody Hurt
07 - Fall On Me
08 - Leave
09 - Nightswimming
10 - The Great Beyond
11 - Electrolite
12 - E-Bow The Letter / What's The Frequency, Kenneth?
14 - Country Feedback
15 - The One I Love / Radio Free Europe / Drive 
18 - Überlin
19 - Talk About The Passion 
20 - The Sidewinder Sleeps Tonite 

confira o especial completo clicando aqui.


O pedido foi para que cada votante escolhesse as 5 músicas favoritas do R.E.M. e escrevesse um breve texto sobre a primeira da lista. Pois bem, segue abaixo não minhas 5, mas minhas 20 músicas escolhidas e meu breve relato sobre a melhor colocada.

01 - Losing My Religion 





02 - Everybody Hurts 





03 - It’s the End Of The World As We Know It (And I Feel Fine) 




04 - Man On The Moon




05 - Perfect Circle




06 - The One I Love
07 - World Leader Pretend
08 - So. Central Rain
09 - Fall On Me
10 - Bittersweet Me
11 - Überlin
12 - Leave
13 - Talk About The Passion
14 - Country Feedback
15 - What’s The Frequency, Kenneth?
16 - Turn You Inside-Out
17 - (Don’t Go Back To) Rockville
18 - Finest Worksong
19 - She Just Want To Be
20 - Laughing


Até tentei fugir do óbvio, bancar o “espertão” e colocar no topo da lista algum labo-b obscuro que seria “a grande pérola” (ainda) a ser descoberta na carreira do R.E.M.. Mas não deu. Seria muita hipocrisia da minha parte não dar a primeira colocação para Losing My Religion.

Os versos atormentados e a melodia forte e marcante ainda funcionam, assim como o bandolim, que acabou se tornando uma espécie de marca registrada da música. Não a toa, é o maior sucesso da banda até hoje.

Foi a segunda música do R.E.M. que ouvi na vida (a primeira foi Shiny Happy People). Quando me posicionei no videocassete e comecei a gravar o clipe que passava na MTV meu pai logo alertou: “Essa é a melhor deles”. E muitos anos depois, ouvindo calmamente e acompanhando a letra, devo dizer: ainda emociona!



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Acertando as contas com Herbert Vianna



Lembro que tinha uns 11 anos e estava em uma festa de casamento ou algo do tipo em Auriflama, cidade onde cresci. Meu tio me chamou para ir a Araçatuba ver o show dos Paralamas Do Sucesso, ele ia levar meus primos e me convidou. Provavelmente era 1996. Só me recordo vagamente da data por lembrar que a turnê era do disco Nove Luas, lançado neste mesmo ano. Por mais que me esforce não consigo lembrar por qual motivo acabei recusando o convite, fiquei lá na festa, fazendo sei lá o que. Por muitos anos ouvi elogios irritantes a respeito desse show que perdi, com direito a pessoas dizendo que se tornaram fãs da banda após essa apresentação.

Gostar de shows (que não sejam sertanejos) no interior é sempre uma luta, quando aparece alguma coisa bacana na região, a galera tenta se juntar e se organizar pra ver. Na adolescência íamos de van, ônibus, carona, o que desse... Nessas muitas aventuras consegui ver quase todas as bandas de rock nacional mais famosas na época (Titãs, Ira!, Ultraje, Engenheiros, Raimundos...), mas com os Paralamas eu tinha uma espécie de maldição, nunca dava pra ir, sempre aparecia algum problema de última hora.

Pelas minhas imprecisas contas, perdi a oportunidade de vê-los, ao menos umas 5 vezes. Pelos mais variados motivos: falta de grana, trabalho, não ter como ou com quem ir...


Até que, depois de 16 anos (de repente me sinto MUITO velho após calcular esse tempo), me deparo com o anúncio de um show dos Paralamas em Araçatuba, cidade em que hoje moro. Garanti meu ingresso assim que pude, iria não só pela vontade de ver a banda ao vivo, mas também para sanar essa minha “dívida” com a banda, deixar tudo acertado (se você pensou que tenho algum tipo de TOC, ok, não te julgo).

Se você, leitor desse blog, não passou os últimos anos em uma caverna ou em alguma galáxia distante nem preciso citar o grave acidente que deixou Herbert Vianna em uma cadeira de rodas e que, felizmente, não abreviou sua carreira.

Chegando a casa de shows, baseado no visual das pessoas, imaginei que por engano tivesse entrado em alguma balada comum da cidade ou algo do tipo, mas ok, ao menos meu conturbado encontro com a banda seria em ~grande estilo~.

A estrutura do salão, que ficou lotado minutos antes do show, contava com um (broxante) espaço reservado com cadeiras na frente do palco, pista comum (onde fiquei) e um camarote que na verdade era uma espécie de mezanino, onde muitas pessoas se amontoavam nas beiradas para ter uma visão melhor do palco. Aliás, algumas pessoas, porque muitas não estavam dando a mínima para o show, vi gente dando as costas para o palco, possivelmente mais preocupados com a bebida (o camarote era open bar) e com a ~azaração~.



A turnê atual é do disco ao vivo lançado pelo Multishow, mas o repertório do show não seguiu a risca esse roteiro. O início, com “Sem Mais Adeus” e “Dos Margaritas”, foi morno, mas bastou soarem os primeiros acordes de “Óculos” para a euforia tomar conta do salão, considerando o jeito blasé da ~galera da balada~, claro. E eu ali, enfim vendo aqueles caras no palco.

Daí em diante, muitos hits certeiros, “O Beco”, “Ela Disse Adeus”, “Uma Brasileira”, “Cuide Bem Do Seu Amor”, essa última acompanhada por um coro considerável do público, bonito! A cada música, se firmava ali a certeza da representatividade dos Paralamas para o rock nacional. Uma banda sempre coesa, corajosa em sua trajetória, relevante até hoje e, o mais importante, foi o grupo que passou pelos maiores percalços em sua história e continua firme.

Baixada um pouco a empolgação inicial comecei a pensar nesses últimos anos, em todas as mudanças que aconteceram. A banda que perdi a chance de ver tempos atrás para muitas pessoas é outra. Evidentemente a dinâmica de palco mudou depois do acidente de Herbert Vianna, mas a força das canções estava ali naquele palco, intacta. E quando consideramos todo o histórico de superação tudo fica ainda mais intenso, mas que fique claro, quando falo em superação e intensidade não me apoio nesse apelo sentimental provocado pela situação de Herbert para idolatrar tudo e qualquer coisa que ele faça, para comprovar basta saber que dois grandes momentos do show foram com canções pós-acidente, a já citada “Cuide Bem Do Seu Amor” e “O Calibre”.


Em “Tendo A Lua” a emoção se intensificou, ao menos considerando meu lado pessoal, que falou mais alto. Além de ser uma das minhas músicas favoritas da banda, veio forte a lembrança de um grande amigo e grande fã dos Paralamas que se foi. “Cartas e fotografias, gente que foi embora...”. As lágrimas teimosas pareciam contrastar com a visão de superação e alegria que o colorido palco nos mostrava.

No palco o trio conta, como de costume, com João Fera nos teclados, Monteiro Jr no sax e Bidu Cordeiro no trombone. Enfileirados na frente do palco ficam os três “Paralamas”: Bi Ribeiro, sempre com sua timidez e aquela cara que te dá vontade de chamá-lo pra tomar umas no boteco; João Barone, dando aula na bateria; e Herbert, com uma expressão juvenil de felicidade, aparentemente emocionado com cada vez que as pessoas cantavam mais alto que ele, tocando muito e cantando bem, nunca foi um grande cantor, mas sempre soube disso e entendeu perfeitamente suas limitações. 




Quase todas as músicas soavam mais encorpadas e com instrumental valorizado ao vivo, seja no peso ou na delicadeza de detalhes. Ironicamente a pior execução da noite foi no momento mais esperado, “Meu Erro”, a música que todos sabiam cantar a letra toda apareceu muito rápida, embolada, confusa e ainda com Herbert tendo dificuldade para chegar no tom.

O bis final foi encerrado com “Vital E Sua Moto”, do primeiro disco da carreira. Parecia um ciclo se fechando, obviamente foi mais (bom) um show entre muitos que a banda fez e continua fazendo, mas pra mim valeu o acerto de contas. Justo nesse momento em que estou ouvindo muito rock nacional anos 80 posso dizer, sim, enfim eu vi um show dos Paralamas Do Sucesso.



domingo, 12 de agosto de 2012

Dia dos pais!

No dia em que os pais são homenageados, duas (boas) músicas que invertem essa lógica. Pais escrevendo para os filhos e ressaltando a alegria da paternidade.

Fábio Góes - E O Amor Que Não Cabe Mais




Eu e a mãe dele 
Somos um sítio à beira mar 
Que eu gosto de chamar 
De minha casa 

Ele e a vida dele 
Eu quero caprichar 
Nas luzes 
No jeito de passar 

Por esse ou aquele bar (olhar) 
Mais encrencado
Aquele susto que vai virar 
Piada um dia 
Eu não sabia 
Que ser pai 
Era sonhar acordado 

Novo amor 
Tanto amor 
E o amor que não cabe mais 

Meu filho 
De cabelo penteado 
Meu filho 
E o amor que não cabe mais



Siba - Bravura E Brilho



O dia acaba de amanhecer
O meu herói vem me despertar
Já preparado pra combater
Os inimigos que vão chegar
Naves de raios destruidores
Dragões gigantes devoradores
Lobos de sopros arrasadores
Ciclopes de olhos assustadores

As naves são banidas dos céus
Cabeças de dragão vão rolar
Os lobos vem lamber os seus pés
Ciclopes já não podem enxergar

Deu pra saber:
Que o meu herói tem poder
De ser veloz e voar
De usar espada e vencer
O meu herói tem bravura e brilho

Mas dá pra ver:
Que quando o sono bater
Ele vai se aproximar
Pedir meu colo e dizer
Que vai parar de lutar
E aí pode até ser
Que o tempo deixe eu contar
Antes dele adormecer
Lendas de heróis pra embalar
Meu filho

terça-feira, 22 de maio de 2012

Céu na Virada Cultural Paulista


O termo excludente, pretensioso e, por vezes, preconceituoso, “para poucos”, parece se encaixar bem a Céu. Do primeiro disco, “CéU”, com o certificado “emepebístico de coolzice” ao dub/reggae de “Vagarosa” até seu trabalho mais recente, “Caravana Sereia Bloom”, que vai do rock Roberto/Caetano “Falta De Ar” à sensualidade hipnótica de “Chegar Em Mim”, Céu parece sedimentar seu público com a sofisticação do seu som e, em alguns momentos, resvala no popular com trilhas de novela etc. E é aí que seu público pode abranger desde fãs de Tulipa Ruiz e Nina Becker até admiradores de Vanessa Da Mata e, por que não,  Maria Gadú.

O show segue essa mesma linha. Na Virada Cultural Paulista, em São José do Rio Preto, a apresentação começou pontualmente a meia noite, com “Teju Na Estrada” antecedendo a entrada da cantora e, enfim, “Falta De Ar”, seguida de “Asfalto E Sal”.

Logo nas primeiras músicas, Céu diz que está tudo muito bonito, mas lamenta pela barreira que deixa o público distante do palco. No entanto, em “Contravento”, música providencialmente mais intensa, e depois de alguma negociação, a grade é retirada pela produção e o público fica literalmente na beira do palco. “agora o show começou” disse Céu, nitidamente empolgada com a nova situação.


O som, muito bem equalizado, é encorpado, mesmo com uma banda enxuta: baixo, guitarra, bateria e scratches. No palco a cantora é contida, por vezes, blasé, mas a alegria em ver sua música cantada por algumas pessoas, que seja, teima em aparecer, dando uma espontaneidade tímida, desajeitada e, por isso mesmo, comovente à apresentação.

O show aconteceu no palco montado na represa de São José Do Rio Preto. O visual era muito bonito, com um chafariz cercado de luzes coloridas ao lado do palco. Mas apesar da beleza da noite, a atmosfera hippie estradeira da apresentação cairia perfeitamente em um fim de tarde, com o “aditivo” correto.

O repertório do show é composto principalmente pelas músicas do disco mais recente da cantora: “Caravana Sereia Bloom”. Do aclamado segundo disco, “Vagarosa”, foram incluídas apenas duas músicas: “Cangote” - com uma roupagem diferente, saindo do reggae e se aproximando do baião -  e “Grains De Beaute”, com um final empolgante.

“Malemolência” e “Rainha”, do primeiro disco, fizeram bonito no setlist, a primeira com uma citação de “Mora Na Filosofia”, de Caetano Veloso, no final. Duas covers frequentemente presentes no repertório dela também chamaram atenção, a latina “Piel Canela” de Eydie Gormey y Trio Los Panchos e, principalmente, “É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo”, de Erasmo Carlos, que arrancou muitos aplausos do público.


A beleza displicente de Céu chega ao nível máximo de sensualidade em “Chegar Em Mim”, a última do disco mais recente e uma das melhores músicas de 2012. Ao vivo, se o ritmo levemente acelerado minimiza parte do encanto, o refrão surge ainda mais pungente. No bis, ainda teve “10 Contados”, do primeiro disco e trilha de novela global.

No decorrer do show muitas pessoas abandonaram o local. Possivelmente por achar a apresentação arrastada ou não conhecer as músicas. Talvez o público heterogêneo da Virada Cultural Paulista ainda não esteja preparado para a música da Céu. Mas com uma performance coerente, corajosa e sem concessões, a cantora mirou exatamente a beira do palco, aqueles que se entregaram às nuances do show. Entre os demais, novos fãs devem ter surgido, mas os que já conheciam e gostavam saíram da represa mais do que satisfeitos...  apaixonados! 


sábado, 28 de abril de 2012

Entrevista: Nada Surf


Entrevista publicada originalmente no Scream & Yell


Formada na cidade de Nova York, em 1992, o Nada Surf sopra as velinhas de seu vigésimo aniversário em 2012 com força total. Em janeiro, a banda lançou seu sétimo álbum de estúdio, “The Stars are Indifferent to Astronomy”, encabeçado pela bonita balada “When I Was Young”, e faz neste final de abril/começo de maio a sua segunda passagem pelo Brasil. “Gostamos tanto da primeira vez que acabamos voltando”, diz o guitarrista e vocalista Matthew Caws em entrevista ao Scream & Yell

Além de Matthew, o Nada Surf conta com o baixista Daniel Lorca e o baterista Ira Elliott. A banda veio ao país pela primeira vez em 2004, quando passou por São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Londrina e Taubaté. Agora em 2012, eles já tocaram no Abril Pro Rock, em Recife, e no Cine Joia, em São Paulo, e ainda se apresentarão em Curitiba (Music Hall, dia 28) e Florianópolis (John Bull, dia 29). Depois de um bate-volta em Buenos Aires, os nova-iorquinos ainda sobem ao palco no Rio de Janeiro (Circo Voador, dia 2 de maio), e em Belém (Se Rasgum, dia 4). No dia 5, encerram a viagem em Fortaleza (Órbita Bar, no dia 5). Infos aqui

Entre os shows, Matthew Caws bateu um papo rápido por telefone com o Scream & Yell sobre a expectativa que tem para essa turnê e o processo de compor e gravar “The Stars Are Indifferent to Astronomy”, cujo título foi inspirado em uma frase do pai do guitarrista, que é professor de Astronomia.

Matthew também comentou os vinte anos da banda e a carga de one hit wonder carregada pela banda desde 1996, quando o clipe de “Popular” teve grande exibição no mundo inteiro. Ele também comentou o que tem escutado recentemente e falou sobre covers – em 2010, a banda gravou “If I Had a Hi Fi”, álbum inteiramente dedicado a releituras de outros artistas. “Não perco muito tempo pensando em quem eu gostaria que gravasse uma canção minha. Mas Johnny Cash teria sido um sonho”, brinca o cantor. Confira!


O Nada Surf veio ao Brasil em 2004, e fez shows em várias cidades. O que você se lembra daquela viagem? E quais são suas expectativas para a turnê de agora?
Foi uma turnê bacana. Muita gente veio aos shows, mais do que a gente esperava até. Em São Paulo, por exemplo, esperávamos duzentas pessoas na plateia, mas foram quase novecentas. Foi algo incrível e chocante para nós. Eu lembro também de muitos aeroportos. Viajamos muito de avião naquela turnê, acho que vamos andar mais de carro dessa vez. Estou ansioso para viajar pelo país. Mas aquela vez foi realmente muito bacana. Acho que é por isso que voltamos.

Muita gente aqui no Brasil só conhece o Nada Surf por causa de “Popular”, cujo clipe passou muito na MTV daqui. O que você pensa sobre isso? 
Isso é algo bem normal para nós. Acho que a maioria das pessoas que já ouviram falar da banda conheceu a gente por causa daquela única canção. É algo tranquilo para nós. Vejo isso como uma oportunidade para tocar mais por aí, e para que mais pessoas conheçam nossa música. Na verdade, eu nem penso muito sobre isso. Minha carreira é muito mais simples que isso. Ela é feita de escrever canções, gravá-las, fazer shows. Não costumo pensar muito sobre a nossa trajetória, o que poderíamos ter feito… Eu poderia, mas eu não faço isso.

Qual foi a principal ideia atrás de “The Stars Are Indifferent to Astronomy”?
Acho que foi a questão da música: tentar observar a energia daquelas canções. Quando escrevo, sempre fico muito empolgado, e sempre tocamos muito empolgados. No estúdio, tocando aquelas canções, me senti mais empolgado ainda. Realmente senti aquele momento, e foi meio que isso. Acho que eu estava tentando fazer algo diferente de antes – tentando olhar mais para fora, para a natureza e o que está acontecendo no mundo, e menos para mim mesmo me olhando no espelho.

O novo disco de vocês marca também o vigésimo aniversário da banda. Vocês mudaram muito desde que eram jovens? E o que você pode dizer sobre esse sentimento nostálgico e adolescente que atravessa as canções de todo o disco.
Não sei dizer como a gente mudou. Acho que nós somos muito sortudos. É ainda difícil acreditar que nós estamos fazendo o que fazemos. Da minha parte, sei que eu tocaria para sempre. É difícil acreditar que nós temos uma carreira baseada em música, mas ela existe. Não sei se existem muita coisa no disco que soa adolescente. Simplesmente acontece que eu só tenho o meu passado para analisar. O futuro ainda não aconteceu. Não é o tipo de sentimento que eu quero voltar no tempo. Eu só espero ter aprendido o que precisava aprender. Nos nossos discos anteriores, acho que havia ainda mais introspecção e exame do que hoje. Mas essas são coisas que nós sempre pensamos. Talvez elas estejam só um pouco mais óbvias hoje, mas mesmo quando eu tinha 21 anos, eu era um bocado nostálgico.

O disco novo tem muitas canções reflexivas. Foi de propósito? E o nome do disco tem alguma relação com isso? 
Acho que eu sou um cara bastante reflexivo, não sei. O título do disco foi inspirado no meu pai, que é professor de Astronomia. Às vezes, ele diz a seus alunos essa frase, querendo mostrar a insignificância do homem no mundo. Um pássaro não sabe que é chamado de pássaro, um cachorro não sabe que é chamado de cachorro, e assim vai. É um pouco disso. Às vezes, nos chocamos com algo que não gostamos, e tentamos imaginar como seria se as coisas fossem do nosso jeito, mas não podemos mudar tudo a nosso gosto. Esse título também tem a ver um pouco com isso, de respeitar a nossa própria natureza.

O que você anda ouvindo recentemente? Poderia indicar alguma banda nova que escutou, ou algum grupo obscuro de antigamente?
Gosto muito de uma banda chamada Wild Nothing. Estive também ouvindo coisas mais antigas, como os Beatles e os Hollies. Que mais? Anne Briggs, uma cantora folk da Inglaterra, do começo dos anos sessenta, e coisas que sempre escuto, como o Teenage Fanclub. Tem também uma banda muito boa chamada The Liars, eles são da primeira onda desse revival do garage rock. Eles fazem coisas incríveis. Gosto muito também do Kurt Vile – ele é fantástico! Mas o meu disco favorito do ano passado foi o da PJ Harvey, “Let England Shake”.

Um dos seus discos recentes, “If I Had A Hi-Fi”, é todo feito de regravações. Que música do Nada Surf você gostaria de ver sendo gravada por outro artista? E quem seria esse artista?
(Pensa um pouco)… há alguma semanas, vi um vídeo de duas crianças do Canadá fazendo uma versão para “When I Was Young”. Cheguei a colocar o link no meu Twitter. É sensacional – e eles são apenas duas crianças, devem ter, sei lá, 13, 14 anos. Gostei muito desse vídeo. Mas não sei… Não penso nesse tipo de coisa frequentemente – nas pessoas regravando as minhas músicas. Não é algo que vai acontecer toda hora. Mas se fosse pra escolher um nome, acho que eu ficaria com Johnny Cash. Seria um sonho (ri).

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Lollapalooza Brasil - Minhas Impressões

Cage The Elephant


Com dois discos lançados, sendo que o segundo, “Thank You Happy Birthday” os trouxe ao mundo dos hypes, o Cage The Elephant se apresentou no primeiro dia do Lollapalooza Brasil, em São Paulo. Pontualmente (como os demais shows do primeiro dia) às 15h, a banda mostrou no palco Butantã sua sonoridade profundamente influenciada por Pixies. A banda deve mais a Frank Black do que o McLusky, para citar um exemplo (alguém lembra deles?).

O show começou com “In One Ear”, do primeiro disco. Logo no início já veio a certeza de que a marca do show seria a insanidade do vocalista, Matt Schultz, que, carismático, pulava e se contorcia a todo momento. Por vezes passava da conta. Pulava tanto que, em alguns momentos, se esquecia de cantar no microfone.

Com 12 músicas (5 do primeiro disco e 7 do segundo), o Cage The Elephant mostrou que tem um ótimo frontman e um público entusiasmado que cantou tudo. No final só ficou uma dúvida, o som baixo dos PAs prejudicou a apresentação ou falta corpo para as músicas ao vivo?


Band Of Horses


O Band Of Horses era uma das minhas grandes esperanças de bom show no Lolla. E não me decepcionou, pelo contrário, superarou as expectativas. Óbvio que o esquema deles não era aquilo ali, a riqueza de detalhes e as belas melodias da banda deveriam ser apreciadas em um lugar menor, fechado e com um público só deles. Mas ainda assim foi um belíssimo show.

As canções mais intensas ficaram ainda mais fortes ao vivo. Depois da delicada “For Annabelle”, que abriu o show, “NW. Apt” e “The First Song” prepararam o terreno para belíssimas versões de “The Great Salt Lake”, “Is There A Ghost” e “Cigarettes, Wedding Bands”.

A apresentação seguiu nessa linha. Ben Bridwell cantando muito suas belas melodias emolduradas por uma banda esperta, pesando quando era preciso e caprichando nos detalhes nos momentos mais intimistas. “The Funeral”, fechando o show com o sol quase se pondo foi um dos grandes momentos do dia.


Foo Fighters


O Foo Fighters é hoje uma das maiores bandas de rock do mundo. O “melhor” aqui envolve momento, óbvio. Headliner de grandes festivais, último disco elogiadíssimo e fama de shows incríveis. Você pode não gostar da banda, mas não há como negar o “tamanho” dos caras atualmente.

Muitos shows provocam nos fãs aquele drama de não ouvir o lado-b ou a música obscura que tanto gostam. No caso do Foo Fighters essa lógica é subvertida, é claro que há uma aqui ou outra ali que pode ter a ausência lamentada, mas em geral o que mais importa na banda de Dave Grohl são os hits. E são muitos. TODOS foram tocados.

O Lollapalooza Brasil teve o privilégio de contar com o melhor setlist da turnê sul-americana da banda. Além dos hits, teve “Hey, Johnny Park”, “Enough Space”, “For All The Cows” e, pela primeira vez, “I Love Rock’n Roll” com a Joan Jett (além de “Bad Reputation”, que já vinha sendo tocada nos últimos shows).

Dave Grohl gritou. Gritou muito. Possivelmente com a intenção de provar que o cisto que tem na garganta não é motivo para preocupação, mas na verdade é. Tudo ia bem, até que na parte mais gritada de “Monkey Wrench”, ele berrou tudo que podia, sem acompanhamento. A partir daí sua voz mostrou-se desgastada. Tudo bem, depois disso ele gritou sem maiores problemas em “Best Of You”, “Enough Space” e outras, mas quando cantava normalmente era muito fácil perceber como a voz soava “arranhada”.

A enrolação irritou um pouco. Petardos que por si só já seriam o suficiente para encantar ganhavam a todo momento jams, solos e momentos de interação com o público. É importante que um show de rock tenha isso, mas todo exagero complica. No Rock In Rio já havia sido assim, mas a banda cresceu e a enrolação, infelizmente, também. Com o arsenal de boas músicas que têm, eles não precisavam disso.

O exagero de Dave Grohl incomodou, mas um show que consegue enfileirar logo de cara pérolas como “All My Life”, “Times Like These”, “Rope”, “The Pretender”, “My Hero” e “Learn To Fly” não tem como ser ruim. A sucessão de hits não deixa tempo para respirar.

O desespero cantado em “Best Of You” ganhou contornos reais com Grohl lutando contra a própria voz, o que no final das contas foi emocionante, daqueles clichês que volta e meia aparecem e você finge que não se importa. “Hey, Johnny Park”, talvez o melhor “não hit” do Foo Fighters foi bem encaixada entre “Monkey Wrench” e “This Is a Call”. No final, “Everlong”, para muitos a melhor música da banda, fechou o show.

O Foo Fighters faz show para fãs, aqueles que estão ali prontos para o que vier e não vão criticar em hipótese alguma, o que tenta justificar, de alguma forma, a enrolação. Mas ainda assim é um grande show de rock. Dave Grohl acredita em toda aquela onda de “rock celebração” e passa isso nos discos e principalmente no show. Talvez por isso seja, como já dito, uma das maiores bandas de rock da atualidade.


Sobre o Lollapalooza Brasil

Como todo festival, o Lollapalooza Brasil teve erros e acertos. Entre os acertos é bom destacar a pontualidade rigorosa (o único atraso registrado foi o do Racionais no segundo dia) e a facilidade do acesso ao Jockey. Os problemas, em grande parte poderiam ser resolvidos se tivessem sido colocados menos ingressos a venda no dia do Foo Fighters (o único em que fui, bom lembrar). Segundo relatos, o segundo dia, com 15 mil pessoas a menos, foi bem mais agradável em relação a filas em geral, espaço e locomoção. Aguardamos uma próxima edição, com as arestas devidamente aparadas e bons shows.

As fotos foram retiradas do site oficial do Lollapalooza Brasil.

O ótimo La Cumbuca postou todos esses show inteiros, vai lá ver.


Além do Muro - Roger Waters em São Paulo



Pouco antes do portão abrir, o rapaz que vendia adesivos nos perguntou: “vocês são pai e filho?”, quando respondemos que sim, enquanto eu procurava moedas na carteira ele emendou: “pô, que legal! Trouxe meu filho nas outras duas vezes que ele veio pro Brasil, mas dessa vez não deu”. Ainda nos desejou um bom show enquanto entregava os adesivos e pegava as moedas.

Roger Waters e sua turnê “The Wall” eram o motivo da grande fila que circulava o Morumbi no dia primeiro de abril. “Até que não tem tantos velhos”, disse meu pai, se incluindo nessa categoria e ficando surpreso com a quantidade de jovens presentes.

Cresci ouvindo Pink Floyd. Em casa sempre fui “educado” com altas doses de Beatles, Rolling Stones, Queen, Led Zeppelin, Yes, Genesis... mas quando o assunto era a banda de Waters e Gilmour a história era outra. A empolgação que meu pai mostrava ao me explicar detalhes das músicas e como as descobriu era fascinante.

Quando fiquei sabendo que a turnê do “The Wall” passaria pelo Brasil, a primeira coisa que me passou pela cabeça foi: “preciso levar meu pai”. E tudo correu bem. A data da compra do ingresso, para ajudar, foi próxima ao seu aniversário de 62 anos. Presente garantido.


Cinco longos meses se passaram. Nesse tempo pudemos sonhar com o impossível, relembrando a incrível e inesperada participação especial de David Gilmour em “Confortably Numb”, quando a turnê passou por Londres, em maio. E acompanhar relatos sobre a grandiosidade estrutural dos shows.

Eis que chega a data do show. Em seis pessoas, pegamos sete horas de estrada, de van, até São Paulo. Confesso que, nos dias anteriores, tive certas dúvidas se meu pai realmente havia gostado do presente e se estava feliz com a ida ao show, o que passou a me preocupar mais do que qualquer outra dificuldade.

No entanto, as dúvidas se dissiparam quando entramos no estádio. “Olha só o muro!”, disse, parecendo uma criança quando entra em um parque de diversões. Devidamente acomodados na arquibancada azul, pegamos lugares com ótima visibilidade do palco. O resto da nossa “caravana” estava na pista, onde normalmente fico em shows grandes, mas resolvi comprar arquibancada mesmo, pois apesar de toda sua disposição e saúde, não sei se os 62 anos do meu pai permitiriam encarar a pista. Depois percebi que tomei uma decisão acertada.

Com o portão aberto às 15h, tivemos de esperar até as 19h30 para o início do show (19h45, na verdade. Pequeno atraso). Nesse tempo conversamos (muito), tomamos cerveja (pouco), assistimos princípios de briga quando pessoas insistiam em ficar em pé na grade, bloqueando a visão de quem sentava na primeira fila, e ainda deu tempo do meu pai se divertir com as tradicionais “olas” nas arquibancadas, e se surpreender - discretamente, é verdade – com a falta de preocupação de quem fumava um baseado enquanto aguardava o show.


O espetáculo já começou impondo respeito. Logo na primeira música, “In The Flesh?”, já era possível notar a qualidade absurda do sistema de som. No final da música, uma réplica de um avião, localizada logo acima da arquibancada em que estávamos se chocou contra uma parte do muro, que compunha, a princípio, as laterais do palco. Waters surgiu demonstrando alegria e vitalidade. E logo já foi ressaltado nele um defeito que acaba se transformando em uma qualidade: ele sabe que não é um bom cantor, e que a idade só piora a situação, mas sabe muito bem se utilizar disso no palco, ainda compensando na performance teatral, que poderia até soar forçada, mas faz todo sentido dentro do universo conceitual de “The Wall”.

O show apresenta o disco na íntegra e com as músicas na ordem exata. Sendo assim, a suíte “Another Brick In The Wall” aparece logo no início. Por mais que a música esteja “orkutizada” (para usar um termo atual), em seus primeiros acordes o público já estava rendido. Nesse momento notei discretas lágrimas no meu pai, o que “imitei” instantaneamente sem perceber.

Enquanto a música percorria seus longos minutos, um filme se passava simultaneamente na minha cabeça, lembrei da minha infância, das histórias, da minha antiga banda... não sei dizer se foi o melhor momento do show, mas com certeza foi o MEU melhor momento no show. O coral das crianças de Heliópolis (que infelizmente fizeram playback, mas ainda assim foi bonito) aumentou ainda mais a emoção. Por um instante me vi ali no meio delas, pulando desgovernado e interagindo com o boneco gigante do professor que surgiu no canto do palco. Me senti meio ridículo fazendo tantas relações daquele momento com a minha vida e minha relação com meu pai, mas logo dei de ombros, preferi aproveitar o momento, sem filtros.

Toda a beleza de “Mother” e “Goodbye Blue Sky” antecederam as porradas “What Shall We Do Now” e “Young Lust”, quando as projeções no muro eram tão impressionantes que as vezes esquecíamos de olhar a banda no palco, competentíssima por sinal. 12 músicos. Muitos já acompanham Roger Waters de longa data, incluindo seu filho, Harry Waters, tecladista. Não, não vou tentar fazer mais uma relação entre pai e filho.

Conforme as músicas iam se sucedendo, assistentes de palco colocavam novos tijolos, fechando o muro gradativamente. “Don’t Leave Now”, talvez a música mais depressiva do Pink Floyd, trouxe momentos de tensão com o vocal desesperado e desafinado de Waters. “Goodbye Cruel World” encerra o primeiro ato com o muro totalmente fechado.


Durante o intervalo de 20 minutos (meio broxante, diga-se de passagem) imagens de pessoas mortas em conflitos eram projetadas no muro. Nesse tempo, procuramos cerveja, sem sucesso, os ambulantes haviam sumido. Não comentamos muita coisa sobre a primeira parte, apenas esperávamos o restante.

“Hey You” foi tocada com a banda totalmente encoberta pelo muro. A sensação provocada por não vermos os músicos aliada a tensão característica da música criaram um momento bastante interessante. Se inserindo aos poucos a frente da muralha, Roger Waters seguiu capitaneando o espetáculo visual.

“Confortably Numb” foi uma das mais festejadas. Mesmo sem a presença de David Gilmour. O vocalista, Robbie Wyckoff, dá conta do recado, mesmo tendo a voz mais grave e menos rouca que a de Gilmour. “In The Flesh”, “Run Like Hell” e “Waiting For The Worms” elevaram ainda mais a catarse. As projeções alucinantes reforçavam uma espécie de comício nazista encenado pela banda.

A parte final do espetáculo foi com “The Trial”, e toda a cena final de “The Wall”, o filme. Culminando no desabamento do muro. Por fim, a banda toda a frente dos escombros tocando “Outside The Wall” e finalizando a apresentação.

Com os refletores do estádio já acesos, todos estavam ainda em estado de choque com o que haviam acabado de presenciar. Em um lapso de consciência me questionei novamente se meu pai havia gostado. Então perguntei em tom displicente: “E aí, gostou?”, ele me olhou por um segundo e respondeu ironicamente: “Não, imagina!”. Em seguida me deu um abraço desajeitado e um beijo por cima da cabeça. Pronto, naquele momento minha noite havia se completado. Obrigado, Roger Waters! Até o próximo muro.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Melhores de 2011 - Músicas Internacionais

#01 - Lights Out, Words Gone - Bombay Bicycle Club





#02 - Somebody That I Used To Know - Gotye feat. Kimbra





#03 - Lonely Boy - The Black Keys





#04 - Brick By Brick - Arctic Monkeys





#05 - Get Away - Yuck





#06 - ÜBerlin - R.E.M.





#07 - Pumped Up Kicks - Foster The People





#08 - Arlandria - Foo Fighters





#09 - This Is Why We Fight - The Decemberists





#10 - Benediction - Thurston Moore

Melhores de 2011 - Músicas Nacionais

#01 - Corpo Fechado - Pública





#02 - Silêncio - Los Porongas





#03 - Quando O Mar Não Vem - Quarto Negro





#04 - Num É Só Ver - Emicida e Rael Da Rima





#05 - Micropontes - Lê Almeida





#06 - Com A Ponta Dos Dedos - Wado (part. de Marcelo Camelo e Mallu Magalhães)





#07 - Um Passo Por Vez - Jair Naves





#08 - Se Tiver Que Ser Na Bala, Vai - Vanguart





#09 - A Maré Nenhuma - Nuda





#10 - Tempo De Pipa - Cícero


Melhores de 2011 - Discos Internacionais

 #01 - Collapse Into Now - R.E.M.






















Top 3


ÜBerlin
Oh My Heart
All The Best




#02 - The King Is Dead - The Decemberists






















Top 3


This Is Why We Fight
Down By The Water
Rise To Me




#03 - What Did You Expect From The Vaccines - The Vaccines






















Top 3


All In White
If You Wanna
Post Break Up Sex




#04 - Suck It And See - Arctic Monkeys






















Top 3


Brick By Brick
The Hellcat Spangled Shalala
She's Thunderstorms




#05 - Smoke Ring For My Halo - Kurt Vile






















Top 3


Baby's Arms
Jesus Fever
On Tour




#06 - Yuck - Yuck






















Top 3


Get Away
The Wall
Shook Down




#07 - Wasting Light - Foo Fighters






















Top 3


Arlandria
Bridge Burning
Dear Rosemary




#08 - Noel Gallagher's High Flying Birds - Noel Gallagher






















Top 3


If I Had I Gun...
The Death Of You And Me
AKA... Broken Arrow




#09 - The King Of Limbs - Radiohead






















Top 3


Lotus Flower
Codex
Morning Mr. Magpie




#10 - A Different Kind Of Fix






















Top 3


Lights Out Words Gone
Shuffle
Your Eyes