Beatles 4 Ever
Bealtes 4 Ever na Praça Getúlio Vargas
Como citei acima, acompanhei parcialmente o show da banda cover dos Beatles, creio que ví umas 10 músicas. A caracterização é bastante cuidadosa, com direito a cortes de cabelo (ou perucas, não sei) e instrumentos semelhantes aos originais, inclusive o baixista também era canhoto, como o Paul McCartney. Tanto o repertório quanto o visual era inspirado, principalmente, na fase inicial dos Beatles, o período especialmente ie ie ie dos caras.
Covers dos Beatles brotam da terra como pragas, o que, consequentemente, aumenta a cobrança da audiência, e no caso do Beatles 4 Ever não houve um diferencial convincente. A animação e as conversas entre os integrantes (que se referiam um ao outro com o nome dos Fab four originais) seguiam em marcha lenta e recheada de frases feitas: "quero ver vocês dançarem muito agora", antes de tocar Twist and Shout em um andamento lentíssimo.
A apresentação serviu mais para os curiosos, sempre presentes em grande número em eventos como esse, porque para fãs do quarteto de Liverpool foi apenas mais do mesmo.
As Noivas de Nelson
Grupo Cia. Paulista de Artes
A peça, baseada em 5 contos de Nelson Rodrigues, lotou o Teatro da UNIP, o que acredito que tenha contribuído para o atraso de cerca de 30 minutos para o início. O bom elenco e a força do texto garantiram a apresentação. Embora a montagem tenha dado um pouco mais de ênfase ao lado caricato, em detrimento da "podridão" característica das histórias de Nelson Rodrigues, o equilíbrio não foi prejudicado seriamente e o resultado foi muito bom.
Badi Assad
A cantora envolveu o numeroso público
Com a programação já atrasada, Badi demorou a subir no palco do Teatro da UNIP, novamente lotado. O show foi apenas voz e violão, mas não pense no esquemão barzinho, longe disso. O repertório, de músicas autorais e covers, é repleto de descontruções e experimentalismo. Talvez os únicos momentos mais humm... acessíveis, foram na versão de "A Primeira Vista", de Chico Cézar, popularizada com Daniela Mercury, e em duas canções feitas para a filha da cantora, momento em que conseguiu boa interação com o público, apostando na letra infantil contrastando com harmonias dissonantes, me lembrou "Ciranda da Bailarina" na essência.
A técnica de percussão vocal feita simultaneamente a vocalizações impressionou, e tudo isso amparado por harmonias complexas que muitas vezes emulavam o som de dois violões ao mesmo tempo, sei que há um nome para essa técnica, só não me recordo agora.
Ainda teve no repertório uma versão de "Sweet Dreams" do Eurythmics, insana e bonita, com malabarismo vocais impressionantes e belos no final. "Zoar" outra parceria com Chico Cézar também foi um ponto alto da apresentação. No final, antes do bis, "Vacilão", de Zeca Pagodinho, que a cantora caracterizou como um "pagoblues", fez bonito também.
Resumindo, um belo show que manteve um teatro lotado em absoluto silêncio, coisa rara por essas bandas.
Multiplex
A banda certa no lugar errado
Uma grande bola fora da organização, não que a banda (pegada eletro-glam-rock) seja ruim, mas o repertório, extremamente dançante, não teve absolutamente nenhum sentido no ambiente do teatro. Cheguei a pensar que pudesse dar certo com uma eletrônica mais, digamos, contemplativa, mas o tipo de som dos caras é pancadão pra pular mesmo.
A cena chegava a ser patética, o vocalista, afetadíssimo, até um pouco fake, rolando no chão e pulando desengonçado diante de uma plateia estática, sentada, sem entender bulhufas do que acontecia no palco. E para piorar, o som, composto por baixo, guitarra e programações eletrônicas ativadas pelo baixista em um notebook no início de cada música, estava muito embolado, dificultando até o entendimento das letras, que talvez pudessem ser o único atrativo diante da impossibilidade de dançar.
O único espaço em Araçatuba que talvez pudesse comportar esse show seria o Pub Rock Beer, porque em local aberto não sei se teria efeito também.
La Putanesca, Baixarias de Alto Nível - Ângela Dip
Certamente uma das atrações mais concorridas da Virada Cultural em Araçatuba. A fila era absurdamente grande, lembrando que eram duas da manhã e o frio castigava os desagasalhados. Dizem que quanto maior a árvore maior o tombo, aqui se aplica bem. O Stand Up Comedy, que basicamente falava de sexualidade e situações do universo feminino, começou bem, com humor ácido, piadas de humor negro e tiradas "mal-humoradas" certeiras, mas passados os 15 minutos iniciais a coisa desandou.
Piadas curtas e infâmes se sucediam frenéticamente sem nada que fugisse do óbvio, isso sem contar nos enfadonhos jogos de palavras como: "se eu subir no morro eu morro". Muitas pessoas saíram antes do fim da apresentação, o que para um show de humor convencional, sem estratégias mais ousadas, é um grande problema.
Tudo isso culminou no encerramente estranho e até constrangedor, em que a atriz agradeceu, se despediu e disse que ainda faltava 5 minutos para cumprir o contrato do evento, então se alguém tivesse alguma pergunta podia fazer. Em meio a alguns "qual é o seu telefone?" e "pra que time você torce?" eu deixei o teatro. Cansado e avaliando que realmente Badi Assad e As Noivas de Nelson foram as grandes atrções da noite.
Obs1: Devido aos atrasos, nem passei perto do show do Vivendo do Ócio e da Sandra de Sá, me disseram que a cantora deu pití por causa do som, alguém me explica como foi? e alguém foi no Vivendo do Ócio? como foi o show?
Obs2: La Putanesca foi tão chato que esqueci de fotografar.