domingo, 22 de novembro de 2009

Quase - Ecos Falsos


(Divulgação) (!!)


Com o mercado fonográfico em colapso e o compartilhamento de músicas online cada vez mais corriqueiro, os artistas precisam se reinventar, não mais apenas musicalmente, mas também nas formas de divulgação e distribuição de seus trabalhos. A banda independente paulistana Ecos Falsos acaba de lançar parte de seu novo álbum, intitulado “Quase”. Você deve estar se perguntando: “como assim ‘parte’ do álbum?”. Eu explico.

Serão 15 músicas novas, 10 foram liberadas este mês para download gratuito no site da banda (www.ecosfalsos.com.br) e em formato físico com extras multimídia. As outras faixas serão lançadas a partir desse mesmo mês em singles virtuais contendo cada um 3 faixas, duas já presentes no disco e uma não. Será lançado um single por mês até março de 2010, os nomes dos lançamentos serão “Q”, “U”, “A”, “S” e “E”. Os cinco singles também vão existir em formato físico, em mini-CDs customizados com uma faixa bônus, que serão vendidos junto com camisetas criadas por designers convidados. E como se não bastasse, em março, quando terminarem os singles, será lançado um livro com 15 histórias de ficção escritas pela banda, fichas técnicas, letras, fotos, notas de produção e o CD encartado com as 15 músicas e outras coisas que eles ainda vão inventar.

Confuso? Com certeza, mas muito divertido. Em tempo, as músicas liberadas felizmente não ficam em segundo plano. É rock divertido com letras inteligentes e bem sacadas. Da impagável “Spam do Amor” aos rocks vigorosos de “O Boi” e “Deadline”. O ideal poderia ser simplesmente lançar o CD e as pessoas comprarem, mas onde fica a diversão? Até em tempos de crise os roqueiros inventivos conseguem se divertir.




Texto publicado dia 15 de novembro de 2009 no jornal Folha da Região, de Araçatuba/SP

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Chiaroscuro - Pitty


"What the fuck is this?"

Em seu terceiro álbum de estúdio, a bahiana Pitty busca referências inusitadas, mas o resultado segue a cartilha dos trabalhos anteriores. Arrisca um tango em “Água Contida”, com participação de Hique Gomez, do grupo Tangos e Tragédias; dá novos ares a tradicional dona de casa em “Desconstruindo Amélia” e resvala na jovem guarda e em grupos vocais femininos na grudenta “Me Adora”, mostrando que a pose de vedete pode ser mais interessante que o estereótipo de roqueira.

Os destaques ficam por conta de “Fracasso”, com seu refrão marcante, e da balada “Só Agora”, uma canção de ninar que inevitavelmente remete ao fato da cantora ter perdido um bebê no terceiro mês de gestação, antes da gravação de Chiaroscuro. Ainda sobra espaço para canções como “Sombra”, um quase trip-hop com possível inspiração na banda inglesa Portishead; os rocks medianos “8 ou 80”, “Medo” e “Todos Estão Mudos”; e as insossas “Trapézio” e “Rato na Roda”.

Apesar do saldo irregular, é perceptível em Chiaroscuro que, lentamente a cantora vai se despindo da carapuça de rockstar, o que nesse caso pode ser extremamente proveitoso. Só falta ela entender que não há necessidade de citar estrategicamente medalhões da literatura, ou algo que o valha, para legitimar suas referências cult.





Vídeo retirado do DVD Chiaroscope, lançado logo após o álbum.