terça-feira, 15 de abril de 2008

Resenha Fictícia 2

Junior Lima - Ar Puro

Nota: 7,5



Argumento 1: Pai famoso + tio famoso + irmã famosa + vida de artista-mirim + milhões de álbuns vendidos = sucesso e carreira promissora.
Argumento 2: Pai famoso + tio famoso + irmã famosa + vida de artista-mirim + milhões de álbuns vendidos = cobranças monstruosas.

Agora imagine quando o integrante da dupla que, sempre foi acusado por muitos de ficar à sombra da parceira/irmã, resolve se lançar em carreira solo. Desconfianças e pré-julgamentos não faltam por parte de público e crítica.

Depois da turnê do álbum "Acústico MTV" da dupla Sandy & Junior, os irmãos encerraram suas atividades em conjunto, passando cada um a seguir seu caminho. Enquanto Sandy (que continua sendo só Sandy) faz participações em programas de TV e novelas, Junior (que agora é Junior Lima) lança seu primeiro álbum solo, onde compôs todas as músicas, tocou guitarra, violão, percussão, bateria, foi co-produtor e vocalista, sim, eu disse vocalista.

"Ar Puro" é um trabalho que merece vários destaques e observações. É importante ressaltar logo de cara que o cantor soube driblar muito bem suas limitações vocais, não se arriscou em timbres mirabolantes, mas também não se escondeu atrás do instrumental, difícil explicar, só ouvindo.

A encarregada de abrir o álbum é "Tente Voar", um soul sexy irresistível, a lá Marvin Gaye, guitarra econômica, percussão e vocal sussurado. Em seguida a música de trabalho "Buscando Paz", levada por um violão, lembra Skank em suas baladas.

As letras não trazem muitos atrativos, em sua maior parte falam de amor e relacionamentos, correspondidos ou não. Quando tentam ser mais "atuantes", como no roquinho "Tudo Errado", resvalam em clichês como "O mundo está errado/onde vamos parar".

Em "Até Onde Vai", o violãozinho é trocado por um batidão frenético, a clara influência de Justin Timberlake (fase sexyback) traz um ar de novidade ao trabalho. As músicas de modo geral são interessantes individualmente, mas como conceito de álbum soam um tanto desconexas, reflexo da geração mp3. Segundo informações, foi cogitada a possibilidade, posteriormente descartada, do álbum ser lançado anteriormente na internet, sendo disponibilizado faixa por faixa no site do cantor.

As únicas participações especiais foram de Marcelo Camelo, com quem Junior já havia dividido o palco no Acústico MTV, e da irmã Sandy, que aparece por aqui apenas por uma questão doméstica, pois os vocais de apoio que fez em "Sombra e Água Fresca" poderiam ser feitos por qualquer outra backing vocal, talvez o resultado seria até melhor. A participação de Camelo protagoniza um dos melhores momentos do álbum, a melancólica "Tarde de Sol", onde os dois violões fazem a "cama" para os vocais do Hermano sobrepostos aos de Junior.

A faixa que fecha o disco é a nostálgica "Casa Grande", um folk de fazer inveja a Mallu Magalhães. A melhor letra do álbum. A sinceridade se mostra clara quando o cantor fala com alegria de sua infância e da tradição rural de sua família.

Segundo o cantor, o título do álbum se refere à fuga do sufoco que o mundo passa hoje, com problemas ambientais, conflitos políticos, religiosos, etc. Considerando, entretanto, o histórico dessa nova fase de Junior, esse "Ar Puro" é totalmente cabível a sua própria liberdade. Depois de vários anos preso na vala pop e nas comparações com a irmã, o músico procurou se libertar dessas amarras de forma compulsiva, o que apesar de tornar o trabalho confuso com seus vários estilos, atribui a ele uma carga interessante e significativa de sinceridade.

Tracklist:

1 - Tente voar
2 - Buscando Paz
3 - Até onde vai
4 - Sempre vou tentar
5 - Tudo errado
6 - Sombra e água fresca
7 - Diretamente
8 - Por acaso
9 - Simplicidade
10 - Tarde de sol
11 - Casa grande

(Obs: Este texto é fictício, inteiramente fruto da minha imaginação)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Nó na garganta 4

"Acordei com o sol rubro do fim de tarde; e aquele foi um momento marcante em minha vida, o mais bizarro de todos, quando não soube quem eu era - estava longe de casa, assombrado e fatigado pela viagem, num quarto de hotel barato que nunca vira antes, ouvindo o silvo das locomotivas, e o ranger das velhas madeiras do hotel, e passos ressoando no andar de cima, e todos aqueles sons melancólicos, e olhei para o teto rachado e por quinze estranhos segundos realmente não soube quem eu era. Não fiquei apavorado; eu simplesmente era uma outra pessoa, um estranho, e toda a minha existência era uma vida mal-assombrada, a vida de um fantasma. Eu estava na metade da América, meio caminho andado entre o Leste da minha juventude e o Oeste do meu futuro, e é provável que tenha sido exatamente por isso que tudo se passou bem ali, naquele entardecer dourado e insólito."


Passagem do livro "On the Road - Pé na Estrada" (1957)
do escritor beat norte-americano Jack Kerouac (1922-1969)

terça-feira, 1 de abril de 2008

Doors no interior (quase), R.E.M. Punk e Raconteurs novo

* Quase vi o Doors! pois é... por muito pouco a banda Riders on the Storm, formada por dois remanescentes do The Doors, não fecha apresentação em São José do Rio Preto. O grupo tem apresentações marcadas em São Paulo, Brasília e Porto Alegre, logo após segue para Buenos Aires, Santiago, Lima e Quito, após essas apresentações eles voltariam ao Brasil no dia 24 de abril para tocar em São José do Rio Preto - segundo informações, as possibilidades da vinda à cidade chegaram a 70% - mas a banda preferiu seguir para Caracas. O Riders on the Storm, além dos mebros originais do The Doors: Ray Manzarek e Robbie Krieger, conta com o vocalista Brett Scallions, ex-Fuel.

Leia a matéria no Diário Web:
http://www.diarioweb.com.br/eventos/corpo_noticia.asp?idGrupo=7&idCategoria=42&idNoticia=106144


* Primeiras impressões: ouvi apenas uma vez o novo trabalho do R.E.M., "Accelerate", o que posso dizer é o mesmo que tem pipocado em vários blogs e sites por aí, é o melhor álbum da banda dos últimos anos. O título traduz bem o estado de espírito das músicas, curtas diretas e barulhentas, me lembrou um pouco o "Monster", outro álbum sensacional deles. Acho louvável quando uma banda que já é considerada "medalhão", ou seja, já está correndo aquele risco de lançar trabalhos cada vez mais "maduros" e chatos, aparece com um petardo como esse. Obs: O Caetano fase "Cê" é outra história.


* O projeto de Jack White e Brendan Benson volta com seu segundo álbum, "Consolers of the Lonely". Não ouvi ainda, mas o que tem circulado por aí é que é bom, nada de fenomenal, mas um bom álbum de Rock'n Roll, na minha opinião isso já vale, e muito.

I'm not there


Rolling Stone: Como você se vê? Um poeta, um cantor, uma estrela do rock, um homem casado?

Bob Dylan: Todos esses. Como homem casado, poeta, cantor, compositor, guardião, porteiro... Tudo isso. serei todos. Eu me sinto confinado quando tenho que escolher um ou outro. Você não se sente?



Bob Dylan em entrevista a Rolling Stone americana em novembro de 1969.
A Rolling Stone Brasil publicou a entrevista em fevereiro de 2008.