sexta-feira, 16 de julho de 2010

Painel de Discos - Primeiro Semestre 2010


Obviamente não estão no painel todos os lançamentos de 2010, mas destaquei 61 que considero relevantes (uns mais, outros menos), alguns são EPs. Quem quiser se arriscar a adivinhar as capas, fique a vontade. Aceito sugestões para uma próxima montagem dessa.

Ps: Clique na imagem que ela fica um pouco maior.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Faixa a Faixa: Efêmera - Tulipa Ruiz


Artista: Tulipa Ruiz
De Onde: São Paulo, Brasil
Banda base: Tulipa Ruiz (Vocal), Gustavo Ruiz (Guitarra), Luiz Chagas (Guitarra), Márcio Arantes (Baixo), Duani (Bateria) e Stéphane San Juan (Percussão)
Site: tuliparuiz.blogspot.com - twitter.com/tuliparuiz - www.myspace.com.br/tuliparuiz

Disco: Tulipa Ruiz
Ano: 2010
Produtor: Gustavo Ruiz


01 - Efêmera (3’45”): Abre o disco suavemente. A voz de Tulipa, com leveza e agudos precisos, já impressiona quando entra na música. No meio da canção metais fazem belas harmonias, remetendo até ao Los Hermanos, do Ventura. Na verdade, a referência tanto de um como de outro, é mais a sambas antigos, mas também vale a conexão atual. Além da voz, os arranjos sutis e cheios de detalhes chamam atenção com uma dinâmica certeira. O coro é feito pelo trio Negresko Sis, formado por Anelis Assumpção, Céu e Thalma de Freitas. Bela abertura de disco já ganha pontos por todo o resto.

02 – Pontual (2’59”): Levada bem diferente da anterior, mas a sutileza dos arranjos permanece intacta. A bateria, de ritmo quebrado em alguns momentos, muda de andamento várias vezes, mas sem descaracterizar a música. A letra, levemente debochada, fala de um atraso para uma sessão de cinema.

03 – Do Amor (4’31”): Começa com voz, violão e percussão. E a voz mais uma vez encanta com uma linda linha melódica. Os outros instrumentos vão entrando gradativamente, começando com um piano. A banda entra toda no momento que Tulipa explora belos agudos em uma vocalização que vai até o fim da música, quando os instrumentos vão sumindo também gradativamente. Uma das músicas mais emocionantes do disco.

04 – Pedrinho (4’02”): A letra narra uma estranha relação com o Pedrinho: “Pedrinho parece comigo, mas bem resolvido com sua nudez”,”É meu amigo querido e até dormiu comigo no mesmo lençol”. O refrão, com melodia descendente diz com certa tensão: “Pedro esta cantiga não fala de amor/Mas querido, esse som acho que me instigou”. Tensão que aumenta no final, quando Tulipa faz vocalizações enquanto o coro, composto por Leo Cavalcanti, Juliana Kehl, Mariana Aydar, Tatá Aeroplano e Tiê, repete o refrão de forma quase autoritária, como se advertindo o personagem da canção.

05 – A Ordem Das Árvores (3’19”): Representante “udigrúdi” do disco, impossível não lembrar de Gal Costa. Até o timbre dos instrumentos remetem ao desbunde brasileiro da década de 70, mas não pense em um pastiche barato, tudo tem seu devido charme e ligação com as tendência da “nova MPB” (!?).

06 – Sushi (4’11”): A música é marcada, na primeira metade, por constantes breques no instrumental, o que garante a tensão da música, mas até nesse momentos é nítida a imagem da Tulipa cantando com a naturalidade de quem vai ao supermercado fazer compras. A música termina com mais uma bela vocalização emoldurada pelos arranjos certeiros de Gustavo Ruiz.

07 – Brocal Dourado (3’27”): Bateria e baixo bem marcados, o baixo, tocado por Kassin, aliás salta aos ouvidos inevitavelmente. A música segue truncada e “abre” no refrão. Além da participação de Kassin, o coro é feito por Iara Rennó, Thalma de Freitas e Anelis Assumpção.

08 – Aqui (4’23”): Instrumental fragmentado que encontra unidade na linha vocal. Apesar de ser uma das músicas mais longas do disco, a letra é curta, mas sem muitas repetições, e sim bons momentos instrumentais.

09 – Às Vezes (4’06”): Uma das músicas mais festejadas do disco. Também a mais pop, com um que da ingenuidade charmosa dos anos 80, a junção da letra (do pai da cantora e guitarrista da banda, Luiz Chagas) com a melodia operam um pequeno milagre, fazem com que a música – extremamente urbana – tenha um ar quase bucólico.

10 – Da Menina (3’41”): Outra de letra simples e curta, narra com delicadeza uma menina se tornando mulher.

11 – Só Sei Dançar Com Você (3’41): Harmonia e instrumentação claustrofóbicos, a tensão aumenta até dar espaço ao belo refrão. A participação de Zé Pi (Druques) na guitarra e dividindo os vocais com Tulipa é muito boa. A conexão das vozes nos dá a ideia exatamente da dança esquizofrênica descrita na letra. Não tinha maneira melhor de terminar o disco.


Só Sei Dançar Com Você
(com o arranjo bem diferente, mas ainda assim muito bom)