terça-feira, 11 de março de 2008

Resenha Fictícia 1

Charlie Brown Jr. - Charlie Brown Jr.

Nota: 8,5




Pois é... o improvável aconteceu, Chorão tomou jeito. Quando ninguém (fora os milhares de fãs incondicionais) esperava mais nada da banda, tida por muitos como uma das mais descartáveis da década de 90/00, surge um sopro significativo de inspiração.

Em seu nono álbum de estúdio o Charlie Brown Jr., enfim, lança um trabalho digno de nota. Nessa nova empreitada tudo remete à simplicidade, começando pelo título (homônimo). As letras, se não trazem nada muito profundo, também não pecam pelo excesso, todos aqueles temas repetidos a exaustão como: "Malandro é malandro, mané é mané", "A vida me ensinou...", entre outros, ficaram para trás, com excessão da irônica faixa de abertura, "Atttitttude", em que Chorão diz: "Não quero mais agir/não quero mais lutar/já lutei pelo que é meu/hoje isso me faz gargalhar", em uma clara auto-sabotagem.

Na seqüência vem "Maremoto", música levada por uma linha de baixo pulsante, onde a voz se mantém grave do início ao fim, a bateria marcial só muda com as explosões secas e repentinas da guitarra de Thiago. Outra característica marcante do álbum é o fato de que o amadurecimento (tardio, mas bem vindo) de Chorão, refletiu em seus comparsas, conhecidos por fírulas tão monumentais quanto desnecessárias em seus respectivos instrumentos, aqui tudo parece bem mais econômico e bem posicionado.

A quinta faixa é a música de trabalho, "Você sabe muito bem", uma canção de amor claramente influenciada por Red Hot Chili Peppers fase Californication. Tranquila e melodiosa, talvez até um pouco morna, principalmente como carro-chefe.

Ainda sobra espaço para a ótima "Rubão foi pro céu", continuando a saga do personagem criado pela banda, agora ele vira evangélico e muda de vida: "Rubão continua largado e fudido/mas agora acredita ser um protegido/de sua outra vida ele não gosta nem de lembrar/mas na verdade ele tem medo é de se amarrar". A última faixa (apenas 10 no total), é a ensurdecedora "Half Pipe", a barulheira infernal nos deixa a clara sensação de tontura, o resultado é bem interessante.

A única escorregada é no rap "Noites Claras", o nome da música é uma alusão a "clarões" de balas perdidas. A tentativa da sonoridade crua resulta em algum cover mal feito dos Racionais MCs.

Essa virada na carreira do Charlie Brown Jr. é realmente muito interessante, e mais ainda intrigante, afinal, a que, ou a quem se deve essa mudança? não acredito que seja apenas pelo fato do grupo não trabalhar mais com o produtor Rick Bonadio, embora isso tenha seu peso. O que importa, no entanto, é que o produto final foi satisfatório, agora só falta nosso amigo Chorão parar de arrumar encrenca com jornalistas, em aviões, quebrar narizes alheios, entre outras coisas. Mas se o som ele conseguiu mudar, o temperamento vai ser moleza.


Tracklist

1 - Atttitttude
2 - Maremoto
3 - Ruas quentes
4 - Sem palavras
5 - Você sabe muito bem
6 - Subir
7 - Rubão foi pro céu
8 - Mãos ao alto
9 - Noites claras
10 - Half Pipe

5 comentários:

Diego Assunção disse...

E viva Charlie Brown Jr.!

Cara, esse negócio de inspirar nomes de banda em desenhos animados e tirinhas é um saco e tal, mas por que nunca ninguém pensou em colocar o nome de uma banda de "Capitão Caverna". Tá aí um personagem animado que merece reverência, pô.

Eduardo Martinez disse...

Lembra daquele desenho "Os Impossíveis"? uma banda de rock que combatia o crime nas horas vagas.
Homem-Mola, Multi-Homem e Homem Fluido. Sensacional

ContaPraMarcela disse...

Oi Dudu!
Tudo bom?

Cara, não sabia que vc tinha um blog! Eu sou viciada nisso aqui há dois anos! Foi bacana encontrar um lugar seu, pra te conhecer melhor.
Vou linkar vc à minha página, ok? Assim posso visitar sempre!


Ah, e descobri seu blog através do comentário no blog do curso de jornalismo, sobre o som da minha vida uahuahuhaua tbm adoro Engenheiros, é o som da minha vida mesmo ;)

Um beeeijo
Mah

Anônimo disse...

Tiãooooo
Eu descarto sua idéia pois Capitão caverna é nome de Lanche, aliás um dos melhors lanche de Araçatuba.
Du, mor loko o texto, apesar das críticas à banda, e eu concordo plenamente c elas. AInda acho q o Charlie Brown tem sua importância no cenário do Rock Nacional, pois foi uma das bandas, ao lado de Raimundos e outras que cosneguiram diminuir um pouco a massificação do Pagode e do Axé que ocorria nos meados dos anos 90. Concordo que eles eram medonhos, e ainda acho que são, mas graças a Proibida pra mim e quinta feira eu consegui fugir da Dança do Machiche.
Fica aqui meu comentário de buteco|!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Marcela: Valew pela visita, apareça mais vezes. O programa ficou muito bom, fui ouvindo e nem vi o tempo passar. Ah, e valew pelo link. Bjos

Marcin: Então cara, eu até curtia o primeiro cd do Charlie Brown quando saiu, mas depois a coisa (que já não lá era aquelas coisas) desandou. E esse lance do pagode e do axé penso seria passageiro de qualquer maneira, se não fosse o Charlie Brown seria outra banda, o mainstream é sempre aquela bagunça cíclica.