quinta-feira, 28 de maio de 2009

Vamos Compartilhar

Fico tomado por euforia quando faço descobertas interessantes, tardias ou não. Novos sons, livros, revistas, filmes, sites, blogs. Tudo isso me tráz uma vontade doida de ir mostrando essas novidades para todo mundo. É quase um compulsão, algo como querer parar um desconhecido na rua e ler um trecho interessante de um livro para a pessoa, ou colocar o fone de ouvido no felizardo e mostrar uma música bacana.

Na adolescência tudo isso, confesso, às vezes tinha outros ares. Aquele orgulho de moleque em dizer "Olha o que eu descobri". Ok, até hoje isso faz nosso orgulho saltitar, mas nada tão latente como no confuso período da puberdade, ou pelo menos agora sabemos disfarçar melhor. Realmente, entretanto, sabemos agir de forma mais sensata e menos egoísta hoje, propagando inclusive descobertas tardias e que puderiam até gerar constrangimento.

Nas últimas semanas tenho sido privilegiado com ótimas descobertas, que faço questão de listá-las e compatilhá-las com os leitores desse blog. Obviamente algo pode não ser novidade pra quem está lendo, mas, de qualquer forma, tem seu valor e, pelo menos sob a minha ótica, merece destaque.

Começando pela banda que estou ouvindo agora: The Gutter Twins, uma super dupla composta por Mark Lanegan (ex-Screaming Trees e "participador" de diversos projetos e bandas, entre elas o Queens of The Stone Age) e Greg Dulli (ex-Afghan Whigs e atual Twilight Singers). Os dois, nomes de peso do rock alternativo dos anos 90, se juntaram em 2003, mas só em 2008 saiu o primeiro trabalho: Saturnalia.

Sombrio, bonito e empolgante. A dualidade é presente em tudo, algumas vezes bem definida, outras derrubando os limites e se fundindo elegantemente. Seja na discrepância das vozes, Lanegan obscurso de voz embargada e Dulli mais estridente mas ainda assim harmonioso, seja nos rocks vigorosos colocados lado a lado com viagens experimentais hipnóticas.

Eles desembarcam no Brasil em primeiro de julho para show único no Bourbon Street, em São Paulo. Confira o My Space dos caras.

Seguem dois vídeo da dupla, ambos do Jools Holland.


Idle Hands






God's Children




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Seguindo com o momento solidariedade. Uma das novidades mais singelas do cenário nacional: Marcelo Jeneci, ou só Jeneci. Confesso que não sei quase nada a respeito desse paulistano, mas sei que suas músicas, pelo menos as que ouví, me lembram o melhor da singeleza da jovem guarda. Algo inocente, mas riquíssimo em detalhes. Para ouvir repetidas vezes e lembrar que na música ainda existem corações batendo.

Confira "Dar te ei" e "Longe" no My Space dele. Tente ouvir apenas uma vez.


Marcelo Jeneci (foto: myspace)

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Enfim estou lendo Reações Psicóticas do Lester Bangs, cortesia do meu amigão (zuera, piada interna, hehe) Diego Assunção, que comprou o livro e me emprestou. Em vez de falar algo prematuramente, prefiro deixar uma breve reflexão que Bangs faz no texto sobre o Astral Weeks, do Van Morrisson. Só para contextualizar um pouco, o jornalista falava de T.B Sheets (onde Morrisson relatava o fato da garota que amava ter morrido de tuberculose) para chegar em duas canções de Astral Weeks.


Porque a dor de assistir uma pessoa querida morrer de qualquer doença horrorosa pode ser insuportável, mas pelo menos é algo sabido, de certa maneira entendido, de certa maneira mensurável e que até mesmo leva a algum outro lugar, porque existe um processo: moléstia, deterioração, morte, luto, alguma recuperação emocional.

Mas o lindo horror de "Madame George" e "Cyprus Avenue" é precisamente que as pessoas nessas músicas não estão morrendo: estamos vendo a vida em seu primor, e essas pessoas não estão sofrendo de doença, estão sofrendo da natureza - a não ser que a natureza seja uma doença.



Fodão não?


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Termino não exatamente com uma descoberta, pois assisto o vídeo há algum tempo e o revejo sempre, mas algo que gostaria de compartilhar. O gênio Jeff Buckley com" Mojo Pin" ao vivo. A voz desse cara era um negócio impressionante, a forma como ele saía de um grito rasgado e entrava em suave falsete era de uma beleza absurda.
Para assistir de joelhos repetidas vezes.


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