sábado, 4 de abril de 2009

Uma personalidade tamanho M, baby look, por favor!

Tradicionalmente (mas beeeeeem tradicionalmente mesmo) elas serviam apenas para cobrir o corpo. Posteriormente, o que era necessidade foi se tornando um adereço, cada vez mais emperiquitadas e pomposas, mesmo quando a idéia é soar blasé.

Bem, essa contextualização tosca é para entrar no assunto de como as camisetas, especificamente as de motivos de bandas, filmes e cultura pop em geral, caracterizam as pessoas.
Em shows podemos ver praticamente um desfile de camisetas com as mais variadas estampas. No festival Just a Fest, em São Paulo, (Los Hermanos, Kraftwerk e Radiohead) não faltaram opções. Obviamente um exército com uniforme das bandas em questão, pouco do LH e pouco do Kraftwek, mas muitas do Radiohead.

Entre as milhares de estampas da banda de Thom Yorke, algumas se destacavam, para bem ou para mal, especialmente as mais artesanais. Uma levou o conceito do do it yourself a sério mesmo, a camiseta era praticamente pichada com o nome dos integrantes da banda, e tinha também uns pedaços de tecido colados com nomes de álbuns do grupo. Até interessante, mas esteticamente medonha.

Uma das mais bacanas era uma em que o camarada imprimiu em uma camiseta branca a ilustração feita de Thom Yorke no grammy, são os nomes das músicas favoritas do inglês em volta de seu rosto. Essa aí abaixo.


Além de camisetas das bandas que iriam tocar no dia, várias outras circulavam por lá. Algumas mais óbvias como Beatles e Sonic Youth, e ainda outras menos convencionais, como Cooper Temple Clause (banda britânica de rock alternativo) e Roddy Woomble (vocalista da banda escocesa Idlewild).

Mas para o que serve esse tipo de camiseta hoje?

Para alguns, funciona como as comunidades do orkut. As camisetas de bandas que você mal conhece são como aquelas comunidades que você tem, mas nunca sequer visitou, ou seja, apenas um traço de personalidade, mesmo que às vezes não seja real.

No início da minha adolescência, em uma fase pseudo-rebelde, eu tinha uma camiseta do Che Guevara, sim, aquela vermelha. Era bem bonitona, mas eu mal sabia quem era aquele barbudo. Certa vez, usando a camiseta do Che, indo ao cinema no shopping, uma vendedora de loja me aborda no corredor. “Nossa, que legal sua camiseta, de que banda ele era?” (!!).

Um dia desses, usava minha camiseta do coringa, nada de Dark Knight mania, a estampa é a clássica ilustração do palhaço feita pelo Mike Deodato (foto). Uma garota me aborda e diz: “Que massa sua camiseta, pena que ele morreu”. Morreu? Quem? O coringa? Aí que me toquei que ela se referia ao Heath Ledger.


Em minha enorme cidade de quase 20 mil habitantes (pensando positivo), uma loja inventou, certa vez, de compra várias camiseta de bandas de rock. E não é que o negócio pegou. Era algo insólito ver cowboys, típicos de cidades interioranas, trajados com camisetas do Slayer ou Iron Maiden.

Com tudo isso, as camisetas acabam sendo mecanismos do “diga-me o que tu ouves e te direi quem és”, mas é claro que isso não é uma regra, senão teria chegado em alguns dos cowboys, já citados, e perguntado se gostavam da carreira solo do Bruce Dickinson, ou melhor, se gostam de Cowboys From Hell, do Pantera. Na certa iria apanhar.

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